Existem duas maneiras para se fazer uma infusão. A primeira é aquela que você sabe o que está fazendo, já testou todas as opções do posicionamento das linhas de vácuo e de resina, mediu a pressão no interior da bolsa de vácuo e vai para o campo com a certeza de que tudo vai correr exatamente como você projetou. A outra é na marra. Esta última, às vezes, funciona, mas pode gerar um laminado frágil, com vários locais de impregnação defeituosa, o que a vai acabar gerando problemas estruturais no futuro próximo. Às vezes, a infusão é tão defeituosa que o barco deve ser descartado, porque a recuperação de um trabalho malfeito não vai compensar.
Uma das ferramentas mais interessantes que eu tenho utilizado é o software de modelação de fluxo (flow model), que determina com precisão suíça o local e o tempo correto que a resina vai entrar no laminado e a quantidade ideal de fibra e resina para cada tipo de barco. Para utilizar o software, é necessário gerar as curvas de permeabilidade de cada parte do barco, o que é feito através de um teste simples colocando resina de um lado de uma placa plana e medindo a velocidade do escoamento. Depois de um certo tempo você acaba tendo um grande banco de dados com uma infinidade de padrões de laminação e ai tudo fica mais fácil.
Outro ponto importante é a quantidade de pressão. Uma coisa é a pressão medida na bomba de vácuo; outra é a pressão real dentro do laminado, e essa diferença pode significar um desastre completo. Sugiro sempre utilizar um medidor de ultrassom para procurar pequenos vazamentos, que juntos acabam inviabilizando qualquer infusão. Se a pressão inicial não for de 720mm/Hg e a queda em 5 minutos for menor que 50mm/Hg, a chance de falha será considerável.
Por fim, não é qualquer resina que seve para infusão. Mesmo entre as resinas de infusão, existe grande variação de viscosidade, molhabilidade e cura. Procure uma resina que tenha comprovado sucesso e mantenha-se nos padrões de catalisação que o fabricante recomenda.
O pensamento popular (e incorreto) é que uma resina com mais tempo de geltime é melhor porque dá tempo de preencher os espaços da fibra. Mas, ao contrário, ela acaba gerando uma matriz sub-curada que ao invés de ficar rígida vira um plástico maleável, e aí todo mundo já sabe qual vai ser o resultado.