Como Fazer Pós Cura em Laminados de Embarcações de Alta Performance

Quando se busca alta performance, optamos pelos materiais com melhores características mecânicas e com isso o construtor quer sempre maximizar essas propriedades. Um dos materiais que mais sofrem alteração do ambiente durante a laminação é a resina.

Conforme já abordamos em post anteriores, normalmente os laminados náuticos são fabricados sem controle do ambiente, então a variação principalmente da temperatura e umidade, o grau de cura das resinas acaba variando bastante. Essa variação leva a uma instabilidade nas propriedades mecânicas da resina e consequentemente do laminado.

A melhor forma de otimizar as características mecânicas da resina e com isso atingir os melhores resultados que esse material pode oferecer é a pós cura.

É claro que para fabricar corpos de prova ou pequenas peças não existe muita dificuldade em elevar e controlar a temperatura do laminado até atingir o grau máximo de cura da resina, mas a realidade é bem diferente quando pensamos na fabricação de uma embarcação de 30 ou até mesmo 60 pés de comprimento. Abaixo comparação da resistência a tração das reina poliéster, éster vínica e epoxy, laminadas a temperatura ambiente e com pós cura.

Embarcações de performance podem ser desde uma canoa de competição olímpica, um veleiro da Americans Cup até um motor yacht de alta velocidade e todos esses projetos requerem da estrutura o máximo que ela pode oferecer, e com isso pode-se obter uma grande vantagem ao se pós curar cada uma dessas peças.

No caso dos veleiros de competição, por serem construídos em sua grande maioria por tecidos pré-impregnados (pre-pregs) em fibra de carbono e núcleos de honeycomb de aramida, o próprio controle da temperatura durante a cura do prepreg oferece uma grande otimização das propriedades mecânicas desse tipo de laminado.

Um dos nichos que tem crescido mais é a de construção de canoas e kayaks de competição. Nessas peças a pós cura não costuma apresentar muita dificuldade visto que esse tipo de embarcação não possui dimensões muito grandes, nesse caso é muito mais fácil se utilizar cobertores térmicos ou uma estufa que acomode a embarcação e seus moldes.

Essa realidade já é mais complexa quando falamos de embarcações maiores que 30 pés, o que exigiria uma estrutura de forno e controle de temperatura extremamente grande e cara.

Com isso, dada a necessidade, outras formas foram sendo desenvolvidas, como a utilização de estacoes de lâmpadas infravermelho que conseguem aquecer uma área maior e são razoavelmente homogêneas se bem utilizadas, garantindo um bom resultado de pós cura, entretanto elas não devem ser direcionadas diretamente sobre o laminado.

O mais importante é que as especificações do fabricante da resina sejam cumpridas com o maior rigor possível e o grau de cura final do laminado seja devidamente conferido, garantindo assim que as melhores características mecânicas foram obtidas com sucesso.

Comentários (6)

    • Barracuda Composites disse:

      O Tg das resinas eh normalmente perto de 50-60 graus entao nao vai haver muita modificação das propriedades mecânicas se voce colocar o laminado no sol. A movimentação das moléculas so começa quando a temperatura de pos cura supera o Tg entao no caso seria uns 60-70 graus no mínimo

    • Barracuda Composites disse:

      Luciana. Dependendo da resina e da pos cura voce pode aumentar a resistencia em 30-40%. Veja os graficos no texto.

  • Rafael Vieira disse:

    Posso fazer a laminação (epóxi + fibra de vidro em baixa espessura ate 3 mm e no máximo 1,5 metro quadrado) e colocar logo em seguida na estufa onde tenho um bom controle de temperatura ? se sim qual temperatura ideal ? tenho capacidade de chegar até 160 graus na estufa.

    • Barracuda Composites disse:

      A temperatura de post cura depende da resina e do endurecedor.
      Qual voce esta usando?
      Normalmente resina liquidas tem post ura máxima de 120 graus mas a grande maioria funciona bem com 6 horas a 80 graus C

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