O gelcoat é um elemento importante não só na construção de embarcações, mas também na fabricação de peças que utilizam materiais compostos e precisa de um primoroso acabamento e alta resistência ao meio ambiente. Além de ter conhecimento sobre as sensíveis etapas de aplicação é importante que o construtor saiba quais os elementos que compõe a formulação de um gelcoat para que saiba o que procurar quando precisar adquirir o produto.
Gelcoats são formulados a partir de resinas termofixas combinadas com uma série de cargas minerais. Naturalmente, sua cura é promovida pelo endurecedor ou catalisador da resina utilizada. Apesar de diversas opções formuladas a partir de resinas epoxy estarem disponíveis, a construção de barcos utiliza quase exclusivamente gelcoats à base de resinas poliéster, que aderem bem aos laminados típicos utilizados nesse tipo de estrutura, além de apresentarem o melhor custo benefício.
Porém, nem todas as resinas poliéster são adequadas para essa aplicação. Como o gelcoat é a camada mais externa de um laminado, ele também é o elemento estrutural que mais tem contato com as condições extremas do meio ambiente e precisa ter alta resistência química para evitar que o fenômeno de osmose permita a entrada de água no laminado estrutural, que com o tempo pode afetar a estrutura do casco. Para esta finalidade as formulações de gelcoat na industria náutica utilizam quase que em sua totalidade as resinas isoftálicas.
É necessário observar que as resinas isoftálicas ainda apresentam o problema de baixa capacidade de alongamento o que significa que, se os paineis da embarcação tiverem deformacoes excessivas, o gelcoat podera apresentar rachaduras em sua superficie ao longo do tempo.
Uma solução é preparar uma mistura (blend) com resinas flexíveis, mas a consequência desta ação é justamente aumentar a absorção de água e facilitar o processo de formação de bolhas. É necessário encontrar um equilíbrio e a melhor solução é uma mistura de resina isoftálica com NPG (neo-pentil-glicol).
Posts anteriores indicaram que a aplicação do gelcoat pode ser realizada pela pintura a rolo ou por spray, destacando que a última opção é melhor e mais popular e utilizada por construtores profissionais. Os requisitos de viscosidade desses dois métodos variam drasticamente, portanto a formulação do produto também vai variar e o construtor deve buscar opções adequadas para o seu mecanismo de aplicação.
Outra questão importante na formulação do gelcoat é o balanço de cargas utilizado, que controla a viscosidade, tixotropia, as propriedades mecânicas, a contração, entre outras características.
A tixotropia é ajustada utilizando cerca de 2% ou 3% de cargas minerais formuladas a base de sílica. A contração de resinas poliéster pode alcançar até 8% e, se o gelcoat não for bem formulado, pode causar print-thru não apenas na desmoldagem da peça, como ao longo do seu ciclo de vida. Especialmente quando combinados com corantes de cores escuras que absorvem mais calor. Nestes casos é comum que as impressões das fibras apareçam no casco após alguns meses ou anos.
Para proteger o acabamento da ação dos raios ultravioletas, inclusive, é possível incluir filtros que evitam o amarelamento da superficie, conservando o aspecto original da peça.
Por mais que seja possível elaborar um gelcoat em um estaleiro da mesma forma que se formula uma massa de acabamento, a qualidade e uniformidade das opções disponíveis do mercado são incomparáveis. O construtor pode encontrar uma solução para cada uma das suas necessidades e deve conhecer os elementos do produto apenas para fazer a melhor escolha possível.
Danilo Lemos disse:
Existe algum tipo de gelcoat mais indicado para confecção de moldes de peças com dimensões críticas? Onde as dimensões precisam ser mantidas.
Barracuda Composites disse:
Olá, Danilo
Falamos um pouco sobre as especificações que se esperam dos produtos utilizados na construção de moldes nesse post, mas basicamente o que se espera de um gelcoat em qualquer situação é bom acabamento e resistência química. Qualquer fabricante de gelcoat oferece formulações específicas para moldes porque, primeiramente, esses produtos normalmente são verdes ou vermelhos. Segundo, e mais importante, os moldes são submetidos a múltiplos ciclos de temperatura, então tanto o gelcoat como a resina utilizada na construção, devem ter alto Tg, baixa contração e devem resistir à fadiga térmica sem sofrer grandes variações nas dimensões e sendo capaz de preservar o acabamento da superfície.
Kenitti disse:
Boa tarde,tenho alguns problemas com poros no gel,trabalhamos com relógio de pressão de ar para manter a pressão certa e sempre mantendo a catalização conforme o fornecedor,porém mesmo assim estamos tendo problemas,o que poderia ser além disso?
Barracuda Composites disse:
Olá, Kenitti
A aplicação do gel é um processo muito sensível e são vários os fatores que podem estar causando esses defeitos. Algumas possibilidades são aplicação em temperaturas muito baixas ou altas, uso excessivo de deslmoldante, limpeza do molde, deposição muito rápida do material e umidade.
Rogério Hansen disse:
Olá , estou revestindo uma lancha de fibra. Usei tecido de fibra 600 ,posso dar acabamento com massa poliéster e depois aplicar o gel coat , fica bom?
Barracuda Composites disse:
Oi Rogério,
O ideal é que você teste a adesão da massa na superfícia em um corpo de prova antes de aplicar na embarcação.
Paulo Cesar Menezes de Paiva disse:
Posso usar o gel coalt em reservatório de água potável, não causa nenhum tipo de contaminaçao do produto, posso usar água para beber e cozinhar?????????
Barracuda Composites disse:
Poder pode… mas a agua fica com um pouco de gosto no inicio. Se recomenda lavar com agua quente e detergente (pouco) e depois lavar muito! Com o tempo o gosto vai desaparecendo.
Rosangela Oliveira Simoes disse:
Qual gel coat posso usar para revestir reservatório de água potável, para uso de beber e cozinhar.Nao existe nenhum repasse quimico do gel coalt para a água.A água é segura, continua potável para uso.???
Barracuda Composites disse:
Pode usar qualquer gelcoat. Independente do tipo que voce usar (otoftalico ou isoftalico) a agua vai ficar com um pouco de gosto no inicio….mas não vai fazer mal. Se recomenda lavar com agua quente e detergente (pouco) e depois lavar muito! Com o tempo o gosto vai desaparecendo.
Rosangela Oliveira Simoes disse:
Qual gel coalt devo usar para pintar na parte interna de reservatório de água potável de fibra.A água continua potável para cinsumi de beber e uso em alimentos e banho, não existe troca de substâncias químicas para a água???
Barracuda Composites disse:
Qualquer gelcoat..!! Entretanto me lembro de ter projetado os tanques de agua potável para os Kioskes da orla do Rio de Janeiro. Na época eram uns 300 e o reservatório tinha uns 300 litros de agua.. mas o problema é que esta mesma agua ia passar nas maquinas de um refrigerante famoso. A maquina tem somente o xarope do refrigerante mas a agua vinha deste reservatório de fibra que misturava e gaseificava. Então eu sugeri e eles seguiram a determinação do FDA dos USA (Food and Drug Administration) para tanques de fibra de vidro e agua potável que usa resina estervinilica + post cura a 80 graus por 6 horas e depois lavar com detergente!
Wagner de Almeida Posso disse:
Boa tarde. Obrigado pelas dicas. São valiosas para todos. Eu produzi um geocoat partindo da resina poliester, talco industrial, silica prigâmica e pigmento em pasta, mais acelerador de cobalto. A princípio o acabamento ficou muito a contento. Agora o tempo dirá se o objetivo a longo prazo será o desejado. Caso tenha dicas ao aludido, fico feliz com seus conhecimentos e dicas. Fraterno abraço.
Barracuda Composites disse:
Esperamos que tudo de certo ai!!!