Tipos de Tecidos Bidirecionais

Os tecidos bidireicionais conseguem preservar o alinhamento e orientação de seus filamentos de maneira muito mais eficiente do que laminados construídos com manta ou com fios picados, apesar de apresentarem propriedades mecânicas inferiores quando comparados com os tecidos multiaxiais.

Embora os tecidos biaxiais tenham ganhado muita popularidade para a fabricação de barcos, os tecidos bidirecionais de alta gramatura (300-400 g/m²) ainda são muito utilizados para construção de barcos de alta performance como kayaks e barcos de competição a vela. Os tecidos de baixa gramatura (150-200 g/m²) são muito utilizados para trabalhos de acabamento superficial, sendo capazes de criar uma camada com maior teor de resina além de proporcionar uma excelente aparência estética para peças que mantém a trama aparente.

Sua construção conta com filamentos de fibra (de vidro, aramida e carbono) tramados nas direções 0° (urdume) e 90° (trama) e a maneira como são tramados influencia o comportamento do tecido durante a laminação e as propriedades mecânicas finais do laminado. A trama plana é a mais comum, com um cabo passando por cima do outro alternadamente como mostra o esquema da Figura 1. Uma variação que também aparece no esquema é a trama basket, que utiliza um par de fios (2×2) para tecer a trama plana.

Figura 1. (a) Trama Plana (b) Trama basket

Esses dois tipos de tecidos bidirecionais são balanceados e se forem bem fabricados, apresentarão uma porosidade baixa (poucos espaços vazios entre os filamentos), o que pode ser uma vantagem quando se deseja fabricar laminados com um teor de fibras mais alto, entretanto esse tipo de trama apresenta baixa conformabilidade, o que torna sua laminação difícil em moldes com geometrias complexas ou dupla curvatura.  

Quando enfrenta esse tipo de situação, o construtor pode recorrer às tramas Twill e Satin, que se acomodam bem em regiões com curvaturas proporcionando tambem um alto teor de fibras. A configuração mais comum de trama Satin, ou sarja, é quando cada cabo cruza de cinco a oito cabos perpendiculares à trama, criando um aspecto cosmético muito interessante para aplicações onde a trama fica aparente.

Figura 2. (a) Trama Satin (b) Trama Twill

Já a trama Twill é identificada facilmente pelo padrão diagonal que também é bastante utilizado em aplicações com trama aparente. O tipo mais simples é construído em 2×1, o que significa que a cada dois cabos da trama são atravessados por um cabo do urdume.  Quanto mais cabos forem utilizados na direção do urdume, mais diagonal será a inclinação.  

Figura 3. Trama Twill

Por fim, apesar dos tecidos bidirecionais não possuírem a mesma eficiência estrutural que tecidos multiaxiais, continuam sendo boas opções para diversas aplicações. A maneira que seus filamentos estão arranjados configuram sua trama, que tem influência direta em suas características de estabilidade, porosidade, teor de resina e conformabilidade. É possível encontrar mais informações sobre os tecidos bidirecionais no livro Métodos Avançados de Construção em Composites.

Comentários (6)

  • Arnaldo José disse:

    Comprei um tecido de fibra de vidro em uma revenda em Sao Paulo e as bordas estavam todas mal costuradas. Isto é normal?

    • Barracuda Composites disse:

      Olá Arnaldo,
      Não é normal! Alguns fabricantes de tecidos leves de fibra de vidro usam teares bem ultrapassados e não conseguem dar um bom acabamento com uma costura eficiente nas bordas, e por isto, elas desfiam até mesmo quando você manueseia o rolo.

  • Carlos Brettas disse:

    Usei um tecido de fibra de carbono e as linhas do tecido eram bem tortas e ficavam vários espaços vazios na laminação. Como eu posso fazer para isto nao acontecer novamente?

    • Barracuda Composites disse:

      Olá, Carlos

      A propriedade que quantifica os espaços vazios na trama de um tecido se chama porosidade. Se você cortar um pedaço e colocar contra a luz, vai conseguir identificar áreas com mais e menos fibras e, em muitos casos de tecidos que possuem fabricação ruim, existe uma variação muito grande de porosidade ao longo de sua superfície. Além disso, a direção dos fios pode ser irregular e, como consequência, a resistência do laminado se torna muito menor.

  • Teresa Pereira disse:

    É verdade que existem tecidos de fibra de carbono para laminação com epoxy e outros diferentes para resina poliéster?

    • Barracuda Composites disse:

      Olá, Teresa

      Sim, é verdade. Os tecidos preparados com fios para laminação em epoxy, que são a maioria dos carbonos, não aderem bem às resinas poliéster.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *